No meio da Serra do Açor, onde reina a paz e segurança típica de uma aldeia da Beira.
Com uma população envelhecida, mas calorosa. Óptimas oportunidades para aquisição de segunda habitação. Venha conhecer

Miguel Torga

Salgueiral, Coja, 23 de Dezembro de 1958

 
São muito pobres estas nossas aldeias sertanejas, onde a graça de Deus só chega por alturas da côngrua e a de César por alturas da décima. Mas gozam de um bem que nenhuma riqueza compra: a de serem imunes à solidão. Apesar de viverem desterradas do mundo, e fazerem parte de uma pátria de desterrados, dentro dos seus muros reina o convívio. A vida articula-se nelas de tal maneira, que a lepra do ensimesmamento não as pode contaminar. A velha que espreita à janela, o homem que sai de enxada às costas e a criança que solta o gado da loja são pedras indispensáveis dum jogo de muitos, figuras essenciais do mesmo retábulo, que nem separadas ficam sózinhas.